{resignação}

2 de outubro de 2011

resignação (re.sig.na.ção) s.f.

Ato ou efeito de resignar(-se).
Submissão à vontade de outrem ou aos desígnios do destino; conformação, aceitação, renúncia.
Demissão voluntária de um cargo; exoneração a pedido.

nestes últimos dias, muito tenho tentado aprender sobre resignação. entendi até que, em alguns momentos, a resignação é um ato de amor. entendi, vendo uma história linda adormecer pra sempre em meus braços, que a gente se curva diante de uma dor maior que a nossa. com respeito.

mas agora não quero deixar mais ninguém ir. agora não entendo mais nada sobre resignação. agora rejeito a resignação.

resignação é uma coisa que não se aprende de uma vez por todas.

deixo aqui uma pequena homenagem, muita saudade, a fazendinha e meu amoroso protesto contra os dias difíceis.

{herbário}

20 de junho de 2011

Emily Dickinson’s Herbarium

herbário (her.bá.ri:o) s.m.

Coleção de plantas secas conservadas para fins de pesquisa científica.
Local onde ficam essas plantas

de todas as coisas, essa é uma das que mais gosto: colecionar plantas secas. a janela do quarto dava para a copa de uma árvore enorme, de folhas minúsculas. tudo começou assim, acordando todos os dias coberta por folhas secas. daí em diante passei a guardar todas as folhas caídas, para que sequem perto de mim. é bonito ver como mudam de cor, de cheiro, de textura. algumas mortes são mais bonitas que outras.

{girassol}

14 de junho de 2011

girassol (gi.ras.sol) s.m.

(Bot.) Planta composta ornamental, de sementes oleaginosas (Helianthus annuus), cujas flores se voltam para o Sol.
(Min.) Variedade de opala, de que saem reflexos azuis, vermelhos e amarelos quando se faz girar a pedra ao Sol.
G.-de-batatas: o mesmo que tupinambo. G.-do-campo: planta composta (Zecmenia rudis). G.-do-mato: planta composta (Grindelia discoidea). G.-miúdo: planta composta (Helianthemum vulgare). G. pequeno: planta composta (Helianthemum cucumerifolius).

uma vez, espalhei sementes de girassol mexicano por todo o jardim, achando o gesto mais poético que efetivo. naquela época, muitas coisas não davam em nada e por isso me espantei quando, em pouco tempo, o jardim estava povoado por seres estranhos – maiores que eu, na lembrança -, com folhas largas e pétalas de um laranja que nem sequer existia até então.

observava-os em silêncio, de longe, com encantamento e um pouco de resguardo. uma lenta massa brilhante, em obstinada e quase imperceptível coreografia, na incansável repetição dos dias. acordavam para seguir, com assustadora devoção, os movimentos previsíveis do sol. depois dormiam, exaustos e desordenados. eu, que não acreditava em nada, invejava os girassóis.